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<h1>Conheça as histórias das montanhas de Minas e
saiba como elas moldaram a identidade dos mineiros</h1>
<p>Escarpas e montes precisaram ser domados para erguer casas e igrejas.
Nas encostas longínquas, a escavação de minas de ouro, diamantes e
ferro exigiu o plantio e o pastoreio nos vales do sertão. Para viajar
por essas terras, abriram-se trilhas em serras tão elevadas que receberam a
denominação de alterosas. Um dos territórios brasileiros mais acidentados e
inóspitos, Minas Gerais nasceu como destino de aventureiros buscando riquezas
minerais. Se por um lado essas cadeias intrincadas de serras e morros
impuseram extrema dificuldade de circulação, por outro, foram responsáveis
por preservar a arte, a culinária, a arquitetura e os modos do povo que
floresceu no seio das íngremes formações.</p>
<img src="https://i.em.com.br/G5eC08ul3gHK9Iym1MLWnmMcq0U=/820x0/smart/imgsapp.em.com.br/app/noticia_127983242361/2018/03/11/943087/20180309195152130428a.JPG">
<h3> Berçário de nascentes </h3>
<p>Logo no batismo a Serra do Caparaó foi marcada como um centro de batalhas,
seu nome sendo traduzido do tupi como “cabana de folhas grandes” por causa das
habitações dos índios botocudos bravios que ali resistiram por séculos. Foi
palco também da Guerra do Contestado (Minas Gerais contra o Espírito Santo,
entre 1912 e 1916) e da Guerrilha do Caparaó (1966 a 1967).
Ali está a mais alta montanha do Sudeste brasileiro e o terceiro ponto
culminante do país, o Pico da Bandeira (2.891 metros). Como um baú,
a Serra da Canastra guarda as nascentes que se fundem no rio da integração
nacional, o São Francisco, um leito de prosperidade e cultura próprias,
que de Minas leva alento ao Nordeste.</p>
<h3><cite>"Já no século 18, Minas Gerais era conhecido
como o estado montanhês"</cite><br><b> Alex Bohrer, professor de história
da arte e iconografia do IFMG</b></h3>
<p>“Já no século 18, Minas Gerais era conhecido como o estado montanhês”,
diz o professor de História da Arte e Iconografia do Instituto Federal de Minas
Gerais (IFMG), Alex Bohrer. “As montanhas são parte essencial de Minas.
Porque eram onde estavam o ouro e os diamantes. Sem essas jazidas,
não existiriam cidades como Diamantina, Mariana, Ouro Preto,
São João Del-Rei ou Serro. As montanhas foram, ainda, responsáveis pelo
isolamento dos mineiros. Isso se traduziu numa cultura muito própria e rica,
ainda hoje presente em nossas tradições”, considera Bohrer.</p>
<img src="https://i.em.com.br/AvCSafWaAJSJkLdkoqwGMIajWU8=/820x0/smart/imgsapp.em.com.br/app/noticia_127983242361/2018/03/11/943087/20180309195212837430u.JPG">
<p>As formações montanhosas de Minas Gerais são muito antigas em termos geológicos, com centenas de milhões de anos. “As montanhas e serras que vemos hoje estavam aprofundadas e foram expostas após milhões de anos de ação erosiva do meio ambiente”, afirma o geólogo e diretor do Museu de História Natural da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Antônio Gilberto Costa. “Uma das características de Minas Gerais é o considerável número de serras. É o estado mais montanhoso do Brasil”, define o professor.
As montanhas, de certa forma, isolaram Minas Gerais, preservando a sua
cultura. “Isso é muito nítido, por exemplo, na linguagem mineira.
Temos muitas evidências de que o português de Portugal, no século 18,
era muito mais semelhante ao que se fala em regiões rurais de Minas, hoje,
do que aquele que se fala em Portugal atualmente”, aponta o professor do IFMG,
Alex Bohrer.
</p>
<h2>Reflexos no comportamento</h2>
<p>Características conservadas e que ainda são visíveis nos hábitos do estado.
“No interior de Minas é tradicional a formação de grandes quintais onde se
planta couve. A couve é uma hortaliça de consciência sobrevivente, que os
portugueses cultivavam para combater grandes crises e fomes. Você retira
as folhas para o consumo e não mata o pé. E isso proliferou na culinária
mineira. O mesmo se agregou aos pratos a base de carne suína. Porcos também
são animais de lida fácil em áreas de sobrevivência difícil, pois eram
criados soltos nas ruas da região das minas. Por isso, ainda se observam
portinholas na porta das casas antigas, que eram feitas para que os porcos
não entrassem nas residências”, conta Bohrer.
“A arquitetura do estado, as formas construtivas, as artes: tudo se moldou
ao relevo desafiador das montanhas. Boa parte disso se deve à chegada de
imigrantes vindos da região portuguesa do Rio Minho. Eram acostumados aos
rigores de um território montanhês e se sentiram em casa aqui em
Minas Gerais”, afirma Bohrer. (A LOJA ROTA PERDIDA/ROTA EXTREMA -
www.rotaperdida.com.br - forneceu parte dos equipamentos usados nas
expedições)
</p><h1>Conheça as histórias das montanhas de Minas e
saiba como elas moldaram a identidade dos mineiros</h1>
<p>Escarpas e montes precisaram ser domados para erguer casas e igrejas.
Nas encostas longínquas, a escavação de minas de ouro, diamantes e
ferro exigiu o plantio e o pastoreio nos vales do sertão. Para viajar
por essas terras, abriram-se trilhas em serras tão elevadas que receberam a
denominação de alterosas. Um dos territórios brasileiros mais acidentados e
inóspitos, Minas Gerais nasceu como destino de aventureiros buscando riquezas
minerais. Se por um lado essas cadeias intrincadas de serras e morros
impuseram extrema dificuldade de circulação, por outro, foram responsáveis
por preservar a arte, a culinária, a arquitetura e os modos do povo que
floresceu no seio das íngremes formações.</p>
<img src="https://i.em.com.br/G5eC08ul3gHK9Iym1MLWnmMcq0U=/820x0/smart/imgsapp.em.com.br/app/noticia_127983242361/2018/03/11/943087/20180309195152130428a.JPG">
<h3> Berçário de nascentes </h3>
<p>Logo no batismo a Serra do Caparaó foi marcada como um centro de batalhas,
seu nome sendo traduzido do tupi como “cabana de folhas grandes” por causa das
habitações dos índios botocudos bravios que ali resistiram por séculos. Foi
palco também da Guerra do Contestado (Minas Gerais contra o Espírito Santo,
entre 1912 e 1916) e da Guerrilha do Caparaó (1966 a 1967).
Ali está a mais alta montanha do Sudeste brasileiro e o terceiro ponto
culminante do país, o Pico da Bandeira (2.891 metros). Como um baú,
a Serra da Canastra guarda as nascentes que se fundem no rio da integração
nacional, o São Francisco, um leito de prosperidade e cultura próprias,
que de Minas leva alento ao Nordeste.</p>
<h3><cite>"Já no século 18, Minas Gerais era conhecido
como o estado montanhês"</cite><br><b> Alex Bohrer, professor de história
da arte e iconografia do IFMG</b></h3>
<p>“Já no século 18, Minas Gerais era conhecido como o estado montanhês”,
diz o professor de História da Arte e Iconografia do Instituto Federal de Minas
Gerais (IFMG), Alex Bohrer. “As montanhas são parte essencial de Minas.
Porque eram onde estavam o ouro e os diamantes. Sem essas jazidas,
não existiriam cidades como Diamantina, Mariana, Ouro Preto,
São João Del-Rei ou Serro. As montanhas foram, ainda, responsáveis pelo
isolamento dos mineiros. Isso se traduziu numa cultura muito própria e rica,
ainda hoje presente em nossas tradições”, considera Bohrer.</p>
<img src="https://i.em.com.br/AvCSafWaAJSJkLdkoqwGMIajWU8=/820x0/smart/imgsapp.em.com.br/app/noticia_127983242361/2018/03/11/943087/20180309195212837430u.JPG">
<p>As formações montanhosas de Minas Gerais são muito antigas em termos geológicos, com centenas de milhões de anos. “As montanhas e serras que vemos hoje estavam aprofundadas e foram expostas após milhões de anos de ação erosiva do meio ambiente”, afirma o geólogo e diretor do Museu de História Natural da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Antônio Gilberto Costa. “Uma das características de Minas Gerais é o considerável número de serras. É o estado mais montanhoso do Brasil”, define o professor.
As montanhas, de certa forma, isolaram Minas Gerais, preservando a sua
cultura. “Isso é muito nítido, por exemplo, na linguagem mineira.
Temos muitas evidências de que o português de Portugal, no século 18,
era muito mais semelhante ao que se fala em regiões rurais de Minas, hoje,
do que aquele que se fala em Portugal atualmente”, aponta o professor do IFMG,
Alex Bohrer.
</p>
<h2>Reflexos no comportamento</h2>
<p>Características conservadas e que ainda são visíveis nos hábitos do estado.
“No interior de Minas é tradicional a formação de grandes quintais onde se
planta couve. A couve é uma hortaliça de consciência sobrevivente, que os
portugueses cultivavam para combater grandes crises e fomes. Você retira
as folhas para o consumo e não mata o pé. E isso proliferou na culinária
mineira. O mesmo se agregou aos pratos a base de carne suína. Porcos também
são animais de lida fácil em áreas de sobrevivência difícil, pois eram
criados soltos nas ruas da região das minas. Por isso, ainda se observam
portinholas na porta das casas antigas, que eram feitas para que os porcos
não entrassem nas residências”, conta Bohrer.
“A arquitetura do estado, as formas construtivas, as artes: tudo se moldou
ao relevo desafiador das montanhas. Boa parte disso se deve à chegada de
imigrantes vindos da região portuguesa do Rio Minho. Eram acostumados aos
rigores de um território montanhês e se sentiram em casa aqui em
Minas Gerais”, afirma Bohrer. (A LOJA ROTA PERDIDA/ROTA EXTREMA -
www.rotaperdida.com.br - forneceu parte dos equipamentos usados nas
expedições)